O Papel! Qual Papel? O Papel!

Tenho que confessar que tive algumas dúvidas em relação a colocar, ou não, um post sobre este assunto no meu blog! Digamos que é um assunto... delicado... se não mesmo, a pior situação (de vexame!) que vivi até hoje! Mas enfim... temos que aprender com os nossos erros, assumir que erramos e seguir em frente! Por isso, e para demonstrar que este pequeno episódio da minha vida não deixou sequelas, aqui vai ele! (não se esqueçam de rir, ao menos que sirva para alguma coisa este meu episódio!)

Bem... quantos de nós já não se depararam com a extremamente complicada tarefa de... falar ao telefone?!

Pois é... falar ao telefone pode tornar-se numa tarefa bicuda se tivermos em conta que... de cada vez que saímos à rua ouvimos falar esturquês... ou seja, se estivermos na Esturquelândia, mais conhecida por Alemanha, e tivermos que falar ao telefone em alemão!

Se já estás a sorrir prepara-te que o pior ainda está para vir! Então aqui vai, finalmente!

Eu precisava de falar com o Prof. Imdahl para lhe pedir que me fizesse uma oral! Então escrevi-lhe um email ao que ele me respondeu que me enviava alguns números de telefone onde o poderia encontrar. Comecei a stressar… assim um bocadinho só! Mas enfim, o meu “esturquês” já não é assim tão mau! Então assim o fiz… infelizmente ele não estava disponível, e a secretária, muito simpática, pediu-me para lhe deixar o meu contacto e dizer-lhe a partir de que horas estaria contactável (sabendo que isto seriam umas 4 horas eu disse que a partir das 6 estaria em casa).

Já em casa e depois das 6 horas comecei a sentir um friozinho no estômago, e o meu coração parava assim que ouvia tocar o telefone! Mas de Imdahl… nada! :Bem… pensava eu… tanto stress para nada!

No dia seguinte, às 7 da matina, estava eu a dormir e…. ringggg ringggg, ringgg ringgg (imaginem-me a esfregar os olhos, sem saber muito bem o que se estava a passar, a carregar no botão de snooz do despertador, e ele sem se calar, até que me apercebi que era o telefone que estava a tocar) e daí que:
- “Sim?” e a seguir:
- “Hallo! Kann ich mit Frau Reis sprechen” e a resposta óbvia:
- “Falch nummer!” (ping)
Depois de ter desligado o telefone… acordei repentinamente! Era o prof!! Mas… quem é que liga para casa de alguém às 7 da manhã? E depois pus-me a pensar… será que ele percebeu que me podia ligar depois das 6 da manhã? 6 da manhã?! Por quem me tomam estes seres! Ninguém acorda às 6 da manhã! (pronto… 6 da manhã… vai-se lá compreender!)

Agora imaginem a minha situação se já era complicado falar com ele ao telefone… depois deste incidente… ai ai ainda sinto arrepios só de pensar…. :(

Tenho que pensar numa solução! Vou escrever num papel as coisas importantes que tenho para lhe dizer… assim por exemplo… “Olá! Bom dia! Daqui fala Andreia Reis e queria falar consigo acerca de uma oral! Será que me pode fazer a oral? Quando pode ser? Quando? Para mim tanto faz… pode ser dia 11?” e por aí em diante…

Assim já não era muito complicado falar com ele! Já tinha tudo previsto e estava tudo escrito no papel, não havia como me enganar!

Toca a telefonar… piiip piiip, piiip piiip… pelos vistos este senhor é muito ocupado, e só depois de 4 tentativas frustradas é que consegui, finalmente, falar com ele! (isto era ele a ensinar-me uma lição hehehehe, ou então não). Então muito simpático o prof disse-me que gostaria de falar comigo pessoalmente, nesse mesmo dia às 13 da tarde (eu já digo assim para não haver mais confusões)!

Lá vou eu para o hospital e lá encontro o professor que me mandou esperar um bocadinho… passado o bocadinho de 15 minutos, lá volta ele muito sorridente e pergunta-me:
- “Então que posso fazer por si?”
Eu que não estava para muitas conversas respondi:
- “Sempre posso fazer o exame consigo?”
E ele continuando a sorrir retorquiu:
- “Mas nós não nos conhecemos! Eu sou o Professor Imdahl, formei-me em Freiburg há x anos, sou médico há não sei qtos anos e… patati patata! … E você?”
Perante tamanha apresentação, achei que ficava bem apresentar-me também, então disse:
- “Andreia Reis de Portugal e queria saber se me pode fazer oral!”
Entretanto, tinha umas anotações importantes de coisas que tinha para falar com ele, tipo… literatura que aconselhava, etc. e tiro um papel do bolso e comecei a verificar o que lá tinha escrito para saber que lhe havia de perguntar depois! O professor, muito curioso pergunta-me:
- “Mas o que traz escrito nesse papel!?”
E eu…:
- “Qual Papel?!”
- “O Papel!”
- “Mas qual Papel?”
Pois… O PAPEL onde também tinha escrito as minhas frases completas em alemão com tudo aquilo que tinha para lhe dizer, e as várias respostas possíveis a cada pergunta dele! Vi a minha vida a andar para trás ao mesmo tempo que começava a ficar um bocadinho MTO grande vermelha!

Lá lhe entreguei o Papel! Pronto agora imaginem uma pessoa a chorar de tanto rir e têm a imagem que tinha à minha frente! O homem só conseguia dizer “es tut mir egual!” expressão que tinha escrita no papel e que significa “por mim tt faz”! :( Depois de 1 minuto que me soube a 1 hora, lá conseguiu finalmente dizer:
- “Bem… deve ter fugido dos seus planos eu ter-lhe perguntado de onde era, é que não tem aqui escrito, “Eu sou de Portugal!”!”
Bem foi o auge da minha humilhação! :\ Só me apetecia sair daquela sala, e ir até à sala mais próxima, que era a sala de operações e perguntar:
-"Onde está o tubinho da anestesia que preciso de adormecer!"

Pronto! Agora já sabem de que papel estava a falar! Era mm DO PAPEL!